segunda-feira, 8 de março de 2010

O Mito da Caverna e Cristo.

Alguns cristãos não vêem filosofia com bons olhos. Alguns usam o texto de 1Coríntios – que diz: “Pois resolvi não saber coisa alguma entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado” – como desculpa para estudar unicamente a bíblia. Para mim, a bíblia sempre será – como eu gosto de chamar – o meu manual sobre como viver. Mas, será que os outros estudiosos não tem nada a oferecer? Alguns cristãos nem sequer a estudam, pois acham que este conhecimento foi feito para desviar nossos olhos de Cristo, mas será que estes filósofos, em sua busca da verdade, não poderiam chegar perto das verdades que encontramos na bíblia? Pretendo com esta postagem, mostrar que a sabedoria, se buscada verdadeiramente, andará em paralelo com as verdades da bíblia. E por que não começar com o grande Mito da Caverna de Platão?

O Mito da Caverna é conhecido por muitos, mas nem todos lerão as palavras de Platão. Para fazer esta postagem li o trecho do livro “A Republica” de Platão, onde encontramos o dialogo entre Sócrates e Glauco. Com o passar do tempo, o mito foi contado por muitos e que acabam esquecendo detalhes importantes sobre o mesmo, por isso vou usar o texto original de Platão para completa compreensão do mito.

Sócrates começa com a seguinte frase: “Figura-te agora o estado da natureza humana, em relação à ciência e à ignorância, sob a forma alegórica que passo a fazer.” Em uma caverna, existem pessoas presas desde a infância, com o pescoço e as pernas presos de modo que permanecem imóveis e só vêem os objetos que lhes estão diante; suas cabeças estão presas e não podem voltar o rosto para nenhum lugar, a não ser para uma parede. Atrás deles, a certa distância e altura, um fogo cuja luz os ilumina. Entre a luz e os presos, homens passam com bonecos na frente do fogo. A luz é usada para projetar a sombra dos bonecos, sejam de pessoas ou animais – como se fosse um cinema. Eles só vêem as sombras; não conseguem ver os outros que estão presos. Como é permitido aos homens falarem, eles começaram a conversar entre si e darem nomes para as sombras. Com o eco da caverna, eles escutariam as palavras daqueles que passam os bonecos e julgariam que o som vem das sombras. Sócrates contribui dizendo: “Em suma, não creriam que houvesse nada de real e verdadeiro fora das figuras que desfilaram.” Então um destes prisioneiros é solto e levado para fora da caverna. No começo, o ex-prisioneiro teria problemas em se acostumar com a luz. Sócrates complementa dizendo: “Chegando à luz do dia, olhos deslumbrados pelo esplendor ambiente, ser-lhe ia possível discernir os objetos que o comum dos homens tem por serem reais?” Como o próprio Glauco responde – e nós logicamente também responderíamos – que a principio o ex-prisioneiro nada veria. Sócrates continua dizendo: “Ele precisaria de algum tempo para se afazer à claridade da região superior. Primeiramente, só discerniria bem as sombras, depois, as imagens dos homens e outros seres refletidos nas águas; finalmente erguendo os olhos para a lua e as estrelas, contemplaria mais facilmente os astros da noite que o pleno resplendor do dia.” Então, o ex-prisioneiro vê os astros no céu, as pessoas, seu reflexo na água e tantos outros; ele gradualmente chegaria à conclusão que tudo que antes ele e seus amigos, ainda prisioneiro, conheciam como verdade era na realidade sombras. Então, o ex-prisioneiro é colocado de volta na caverna e se assenta de novo onde antes ele ficava preso. Se ele tiver que dar sua opinião sobre as sombras, ele diria que elas não passam de sombras da verdade. Os outros prisioneiros não ririam dele sobre suas idéias malucas sobre a realidade? No final, o ex-prisioneiro e o seu libertador poderiam ser agarrados e mortos por estarem dando testemunho de algo fora da realidade. Sócrates, então diz: “Pois agora, meu caro Glauco, é só aplicar com toda a exatidão esta imagem da caverna a tudo o que antes havíamos dito.”

Vamos buscar, com Sócrates, entender está alegoria sobre a ignorância. Vamos começar pela caverna. Ela é, para o filósofo, o mundo visível. O fogo que ilumina a caverna é os nossos sentidos e como nos reconhecemos à caverna e as sombras são por meio desta luz. As sombras são as imagens dos objetos ou das pessoas que aparecem diante do fogo. Estas sombras dão apenas uma idéia do que é o objeto, mais não a compreensão completa do objeto. Seu libertador seria um filosofo, levando o prisioneiro para a luz com a ajuda da filosofia. A luz do dia representa o conhecimento da verdade. Com a luz do dia, o ex-prisioneiro pode contemplar e conhecer a diferença do que eram as sombras e o que eram os objetos e pessoas reais. Os outros prisioneiros que poderiam debochar e até matar o ex-prisioneiro e seu libertador é referente à ignorância dos outros – os presos na ignorância – em aceitar um novo pensamento. Este texto foi escrito por Platão, que faz no final, uma alegoria sobre a morte de Sócrates; ele foi condenado à morte por “corromper a juventude e de desprezar os deuses da cidade”.

Agora que o Mito da Caverna está claro, vamos ver ela em paralelo com a Bíblia. Diga-me, caro leitor, vocês conseguem ver alguma ligação com a realidade encontrada na bíblia? Para entender esta alegoria em paralelo com a Bíblia, vamos dividir em duas etapas; na caverna e fora da caverna.

A Caverna não foi escolhida por um acaso. Ela tem características bem marcantes, que devemos analisar. Primeiramente, a Caverna é um lugar onde a predominância é trevas. João 12.35b diz: “Pois aquele que anda nas trevas não sabe para onde está indo.” É mais do que claro – e lógico – que estar na escuridão é estar perdido. Em Romanos 13.12b, diz: “Rejeitemos, pois, as obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz.” Aqui, vemos a referencia das obras ruins. Não é só na bíblia que encontramos a palavra trevas em referencia a algo ruim, maldoso, pecaminoso, diabólico e tantos outros. Alguns podem não concordar, mais eu concordo com o apostolo Paulo quando ele se refere que as obras ruins são feitas na escuridão, para que ninguém possa vê-las e recriminá-las. A Caverna representa o mundo visível e como no próprio mito diz; ele é descoberto unicamente pelos cinco sentidos.

Dentro da caverna, existem homens presos. As correntes que prendem os homens e direcionam-nos para verem apenas as sombras na parede representam nossa essência pecaminosa e maldosa. Mateus 15.19 diz: “Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias.” Nossa essência é má e do nosso coração partem todas as coisas ruins. Para os mais céticos, fica a pergunta: “É preciso ensinar uma criança a mentir, ou a ser bruta com outra criança ou ser egoísta? Não, ela faz isso por conta própria.” Jeremias 17.9 diz: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” Novamente, encontramos outro verso que declara que nossa essência não é voltada para Deus e novamente, para os mais céticos fica a pergunta: “Se eu pegar todos os seus pensamentos, desde o momento que você acorda até presente momento, e pude-se colocar ele num vídeo e mostrar par a todos, qual seria sua reação?” Isaias 64.6 diz: “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades como um vento nos arrebatam.” Todas as nossas melhores obras, sejam elas boas e puras, diante de Deus não passam de trapo de imundícia e que somos imundos.

O fogo que faz a projeção das sombras representa o nosso intelecto e nossos sentidos. Com ele reconhecemos as sombras, mais independente da quantidade do fogo, às sombras sempre serão sombras. Em 1Coríntios 3.19, vemos que: “Porque a sabedoria deste mundo é loucura aos olhos de Deus. Pois está escrito: “Ele apanha os sábios na astúcia deles’ e também: ‘O Senhor conhece os pensamentos dos sábios e sabe como são fúteis’.” As declarações de Deus mostram que até o sábio é visto como tolo. É mais do que claro que sozinhos, não conseguiremos conhecer a Deus.

As Sombras que são refletidas na parede seriam todas as coisas em nosso mundo. Não conseguimos contemplar a realidade deste mundo com a fogueira do nosso intelecto. Vemos em Colossenses 2.17 uma referencia sobre as sombras: “Portanto, não permitam que ninguém os julgue pelo que vocês comem ou bebem, ou com relação a alguma festividade religiosa ou à celebração das luas novas ou dos dias de sábado. Estas coisas são sombras do que haveria de vir; a realidade, porém, encontra-se em Cristo.” Vemos claramente neste versículo, que mesmo qualquer ato, sem a luz de Cristo, será apenas sombras. Hebreus 10.1 diz: “A Lei traz apenas uma sombra dos benefícios que hão de vir, e não a sua realidade. Por isso ela nunca consegue, mediante os mesmos sacrifícios repetidos ano após ano, aperfeiçoar os que se aproximam para adorar.” Mesmo a Santa Lei de Deus não passa de uma sombra para nós. Não por que a Lei é ruim, vemos em Romanos 7.12 que a Lei é santa, justa e boa. O problema somos nós. Romanos 8.3a diz: “Porque, aquilo que a Lei fora incapaz de fazer por estar enfraquecida pela carne” A Lei nos condena; nossa imperfeição de caráter, intelecto e santidade testemunham contra nós. Está mais do que claro que nossa fogueira nunca será o bastante para poder encontrar a verdade.

Agora vem a parte voltada para fora da caverna. Nosso libertador é o Espírito Santo. João 16.8 diz: “Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo.” Nós homens, não temos como nós libertar das correntes do pecado. Está é a obra do Espírito Santo. Deus o enviou para ser nosso libertador em Cristo Jesus. 1Coríntios 2.10 diz: “mas Deus o revelou a nós por meio do Espírito.” Neste capitulo, encontramos a sabedoria como procedente do Espírito Santo. 1Pedro 1.2, diz claramente que somos escolhidos de acordo com o pré-conhecimento de Deus Pai, pela obra santificadora do Espírito Santo. Com o auxilio do Espírito Santo, somos levados para fora da caverna e contemplamos a verdadeira luz. Está luz é Deus e é manifestada entre os homens por meio Jesus Cristo. Em João 8.12, Jesus declara: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.” 2Coríntios 4.6 diz: “Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo.” Está luz, que veio de Jesus Cristo, nós conseguimos contemplar tudo que antes eram apenas sombras. Agora, vemo-las como realmente elas são. Descobrimos que antes vivíamos em uma grande mentira, nossos olhos só viam as sombras e acreditávamos que elas eram a realidade. João 1.4-5 há outra menção da luz que encontramos em Jesus: “Nele estava à vida, e esta era a luz dos homens. A luz brilha nas trevas, e as trevas não a derrotaram.”

A volta da caverna é algo muito interessante, pois ela é o retrato claro daquele que acabou de conhecer a Deus, e volta para falar com seus parentes e amigos, e é recebido como louco ou com simples risadas. Aqueles que conhecem verdadeiramente a Deus se lembram do dia que anunciaram a sua nova descoberta e foram expostos a humilhações e chacotas. Filipenses 1.28b-29 diz: “Para eles isso é sinal de destruição, mas para vocês, de salvação, e isso da parte de Deus; pois a vocês foi dado o privilégio de não apenas crer em Cristo, mas também de sofrer por ele.” Para nós, Jesus Cristo é sinal de salvação, mais para aqueles presos na caverna, é sinal de destruição. Da mesma maneira, o problema que todo novo cristão se depara é o mesmo que acontece com o ex-prisioneiro quando volta para a caverna. Aqueles que estão presos não acreditam nele, por vários motivos, mais vou deixar dois em evidencia. O primeiro é que, como eles só conhecem o mundo com sua fogueira, eles nunca conseguiram entender e deslumbrar o mundo real. O segundo motivo nós encontramos em João 3.19-20, que diz: “E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.”

Vemos muitos cristãos, que como Sócrates, são condenados a morte com falsas acusações. Sócrates conseguiu muitos inimigos, pois ele demonstrava que eles eram maus, hipócritas e egoístas. Ele era muito conhecido por suas investigações; aquele que investiga, questiona; aquele que questiona, perturba a ordem estabelecida. Isso fez surgir muitos inimigos de Sócrates. Da mesma maneira surgem os inimigos da igreja e dos verdadeiros cristãos.

Para você que não conhece a Deus, fica a alegoria da Caverna de Platão. Para Sócrates a sabedoria é fruto de muita investigação que começa pelo conhecimento de si mesmo. Busque descobrir se esta alegoria é verdadeira e que você é um prisioneiro. Se sua conclusão for caminhando para o que eu coloquei, busque a Deus e que ele te envie o libertador das tuas correntes. Quando isso acontecer, ele te levará para fora da caverna e você contemplará a luz que existe em Jesus Cristo.

No princípio [Jesus] era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus. Ele estava com Deus no princípio. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria sido feito. Nele estava a vida, e esta era a luz dos homens. A luz brilha nas trevas, e as trevas não a derrotaram. [João 1.1-5]

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

De frente a Caverna Oculta.

Quem leu a postagem sobre a “Aproximação da Caverna Oculta” vai entender melhor está postagem. A caverna oculta é onde o herói confrontará a primeira grande crise da historia. O nome é bem apropriado, pois ele não sabe o que o espera dentro dela. Mas, antes de entra na caverna oculta o herói é submetido por alguns testes. Estes testes são aplicados pelos guardiões de limiar, que tem a função de não apenas testas o herói, mais também de amadurecer o seu caráter para poder entrar na caverna oculta. É hora dos preparativos finais para a provação central da aventura. Quanto mais os heróis aproximam-se das portas da cidadela, eles podem reservar algum tempo para fazer planos, dedicar-se ao reconhecimento do inimigo, reorganizar o grupo, fortificar-se e armar-se melhor, ou talvez dar uma última gargalhada e fumar um último cigarro antes de ir ao âmago da terra de ninguém. Da mesma maneira, estou me preparando para enfrentar os guardiões de limiar, para então adentrar na cidadela. Como alguns não leram a postagem que da base para esta, vou falar resumidamente sobre quais são os guardiões de limiar na minha aventura. Eles são três cavaleiros negros; o primeiro é a língua francesa, o segundo é algumas posturas de criança e o terceiro é a minha fé. Só entrarei na caverna oculta depois de vencer estes três cavaleiros negros.

Chegou uma hora, que tive que fazer uma escolha muito difícil. Vou colocar as duas escolhas aqui, antes de dizer o que foi escolhido por mim – sendo que alguns já saberão antes mesmo de eu terminar. A primeira escolha é me mudar para um quarto de 9m², ficar por lá por dois meses, então me mudar para um possível apartamento de 30m². Neste período, conseguir um emprego e continuar meus estudos em francês e vendo o que é necessário para transferir minha universidade para o campus da Rene Descartes. A segunda escolha é voltar para o Brasil, já que o dinheiro está curto, estudar francês aos sábados, terminar minha universidade de psicologia e ao mesmo tempo, começar a universidade teológica, para então poder voltar preparado para entrar na caverna oculta.

Fiz está escolha hoje e preferi optar pela segunda opção. Nesta hora alguns podem ficar em duvida com tudo que passei por aqui, outros poderão querer relutar por esta volta. Está escolha foi feita da seguinte maneira. Busquei a orientação de amigos da igreja, e todos eles deram a mesma resposta. Que eu deveria pesar o que seria melhor para mim, qual delas o meu coração estaria mais em paz e se a escolha fosse voltar para o Brasil, que eu volte com uma meta clara. Esta meta é simples. Terminar o meu curso de psicologia e de teologia, ao mesmo tempo estudar francês e então voltar para Paris. Está foi esta a minha escolha.

Os santos resistem a todo desalento, crendo que todas as coisas cooperam para o seu bem, e que, entre todas as coisas aparentemente ruins afinal florescerá uma verdadeira bênção. Deus me deu um conforto muito grande quando me lembrou da historia de Davi. Naquele tempo, Saul era o Rei de Israel. Ele começou a fazer o que Deus reprovava, e assim Deus retirou a unção de Saul e daria para aquele que seria o próximo rei. Nisso, o profeta Samuel foi procurar o novo rei e Deus o direcionou para Davi, um jovem pastor de ovelhas. Então Davi foi ungido pelo profeta. A unção não era a declaração imediata que Davi seria Rei, mais que Deus estava com ele. Depois de ser ungido, Davi ficou a serviço do Rei como tocador de harpa. Nisso, veio a historia de Golias desafiar o exercito de Israel. Está historia é muito bonita, mais poucos se lembram de alguns detalhes importantes. Davi foi ungido por Samuel, mais ele não se tornou Rei de Israel no mesmo momento. Ele trabalhou para Saul tocando harpa, depois enfrentou Golias e quando ele pensou que a situação estava melhorando, Saul com inveja resolveu matá-lo. Levou treze anos para Davi ser coroado Rei de Israel.

Eu sei que Deus me ungiu e me chamou para fazer a diferença na França, mas como Davi, terei de amadurecer o meu caráter, e para isso, alguns sacrifícios aconteceram. Já organizei a minha volta e estarei em Curitiba segunda-feira. Esta volta não afetará as atividades do blog, pois estou gostando muito de escrever aqui. A próxima postagem já está pronta e ela é referente ao um estudo que fiz chamado “O Mito da Caverna e Cristo.”

sábado, 20 de fevereiro de 2010

As provações e seus resultados.

Não é atoa que já era dito há muito tempo que existe uma diferença muito grande sobre conhecer o caminho e trilhar o caminho. Até então, não havia passado por grandes problemas, em que fosse necessário contar com as pessoas que estão ao meu lado. Lembro-me de Al Capone, que disse que quando a situação é favorável, todos os amigos estão presentes, mais quando a situação se inverte e você se vê em apuros, apenas os verdadeiros amigos ficam. Não é surpresa que a igreja, muitas vezes, se comporta da mesma maneira.

Você deve estar pensando o que aconteceu comigo nesta semana para querer escrever sobre este tema. A situação começou com um amigo meu, que veio passar uns dias em Paris. Ele chegou quarta-feira e fomos logo visitar a cidade. Voltamos à noite para casa, e ficamos conversando e quando reparei, havia esquecido de avisar o francês que mora comigo que meu amigo estava no meu quarto. Resolvi avisar ele pela manha. No outro dia bem cedo, estávamos nos arrumando para sair e o francês surge no quarto nervoso – ele escutou a voz do meu amigo – dizendo que era traição eu não ter avisado e que eu deveria sair do apartamento no final do mês. Após essa cena, fui conversar com ele e a situação ficou cada vez pior. Ele começou a mentir sobre coisas que eu faço e para completar o começo da historia, ainda fui ameaçado por ele, que se não deixa-se o em paz, ele pegaria uma faca. Depois disso ele foi embora, pois disse que estava estressado – algo que foi fácil notar – e eu e meu amigo também. À noite, depois de acompanhar meu amigo a estação de trem, para ele ir para casa de outro amigo, voltei para casa e fui conversar com o francês, que aparentemente já estava mais calmo. Pedi desculpar pela situação – que para mim nem pode ser chamada como tal – e disse que nos final do mês estaria indo embora. Quando falei que estava indo embora, o francês ficou novamente nervoso e começou a me ofender e me ameaçar. Não entendi o porquê das ameaças, pois só havia dito que ia ir embora. Cheguei à conclusão – básica e lógica – que deveria ir embora o mais rápido possível da casa, e para ajudar, o francês ainda não vai me dar o caução do apartamento por inteiro.

Talvez você tenha se assustado com essa historia – talvez – mais eu posso garanti que minha integridade física está mantida, ainda mais por que descobri que o francês tem medo de mim. Escutei-o falando no telefone – graças às benditas paredes européias mais finas do mundo – se auto-afirmando para seu amigo que não tem medo de um “brasileiro lutador de jiu-jítsu”. Para quem não sabe, eu já fiz varias aulas de artes marciais e como eu e o francês gostamos de luta livre, já havíamos conversado sobre o assunto e eu já havia lhe mostrado o emblema da academia que fazia jiu-jítsu. Sem mencionar que quem está comigo [Deus] é muito maior de que está contra mim.

Com toda está confusão, eu tive o privilegio de ver com quem eu posso contar e em quem eu não posso contar, e por uma incrível coincidência, a igreja – como sempre – decepcionou. Eu não conversei com ninguém da Hillsong, pois como eles são europeus, preferi recorrer apenas em ultima instancia. Bem, logo após toda a confusão com o francês, foi para o meu quarto buscar a Deus, que se mostrou ao meu lado em todos os momentos. Ele me guiou nos momentos da conversa e me deu uma paz diante as ameaças e do problema de localizar um novo apartamento em apenas uma semana, que para quem não conhece, aqui em Paris costuma levar um mês para conseguir. Lembro-me da passagem de Mateus 8.24, que diz: “De repente, uma violenta tempestade abate-se sobre o mar, de forma que as ondas inundavam o barco. Jesus, porém dormia.” Eu sei que estes problemas não se igualam a tempestade vista pelos apóstolos, mas a minha paz estava fundamentada na mesma que Jesus. Ele sabia que Deus é soberano e que não era sua hora. Eu confio em Deus e sei que não é a minha hora. Alguns podem dizer “e se fosse”, para eles eu digo que então eu me alegrarei e muito, pois a morte é lucro para mim. Deixar este mundo de sofrimento para se unir com o Deus da Glória, e viver aonde não há choro ou tristeza... Quer algo melhor?

Falarei em outra postagem sobre a morte. Na mesma noite, conversei com minha mãe e com uma amiga minha. Minha amiga, que estava no Brasil, esteve orando por mim enquanto eu conversava com o francês. Minha mãe, a primeira a escutar a historia completa, me ajudou muito. Até então, tudo estava bem, até no outro dia de manha, aonde fui conversar com meus amigos aqui de Paris. Primeiramente liguei para uma amiga, a quem ajudei bastante por aqui. Ela disse que estaria disposta a me ajudar, mas que eu não poderia ficar na casa dela e começou a me dar varias desculpas. Vou dar um exemplo: “Você não pode ficar aqui em casa, pois meu namorado vem à noite passar tempo comigo, e a dona do apartamento disse que eu não posso receber ninguém aqui por muito tempo, e que ela agora está vindo verificar e também não há espaço para ti e vai ficar desconfortável...” Preciso falar alguma coisa desta frase? Depois, liguei para um irmão da igreja e contei a situação. Ele ficou assustado com a historia e disse que poderia me ajudar por apenas quatro dias, pois mais que isso seria... Preciso falar alguma coisa? Depois liguei para um amigo que conheci por dois dias e perguntei se poderia ficar na casa dele por uns dias e ele disse que iria confirmar com o dono da casa, pois ele apenas aluga um quarto. Preciso falar alguma coisa da atitude dele?

Depois disso, resolvi ir numa igreja católica conversar com o padre, explicar minha situação e ver o que eles poderiam fazer. Alguns, sabendo que sou protestante, devem perguntar “o que eu fui fazer numa igreja católica” e para eles eu digo que já vi pessoas que foram mais ajudadas pela igreja católica do que pela própria congregação. Para o meu espanto, a igreja católica se mostrou mais prestativa que todos os meus amigos juntos. Acredita? O padre me escutou, me aconselhou, ligou para um irmão da igreja procurar apartamento para mim. Depois conversei com duas senhoras da igreja, que me escutaram – algo que faz muito diferença – me passaram três endereços de republica de estudantes de instituições filantrópicas, três números de telefone de associações humanitárias que ajuda estudantes a acharem apartamento aqui e enquanto eu escrevia esta postagem, o irmão da igreja católica me ligou, dizendo que achou um apartamento de 30m² por 600 €. Enquanto alguns irmãos e amigos negaram ajuda com desculpas egoístas, a igreja católica, que eu não esperava muito se levantou e me ajudou de uma maneira que nunca imaginaria. Outro que me surpreendeu, foi meu amigo de dois dias, que me ligou para ver como estava e que já havia começado a procurar lugar para mim.

É meu caro leitor, as pessoas surpreendem e muito. As provações e seus resultados. Você se lembra da vida de Jó? As duas maiores provações de um cristão foram passadas por Jó. A primeira provação é relacionada no que ele tinha. Isso incluiu suas propriedades, seu dinheiro e até a vida dos seus filhos. A segunda era em sua carne, que ele ficou ferido e como vemos em Jó 2.7-8, que diz: “Saiu, pois, Satanás da presença do Senhor e afligiu Jó com feridas terríveis, da sola dos pés ao alto da cabeça. Então Jó apanhou um caco de louça e com ele se raspava, sentado entre as cinzas.” Estas duas provações deixam claro quem as pessoas verdadeiramente são. Até onde nós iríamos pelo nossas crenças?

Agora, me diga, quantas pessoas estão dispostas a sofrer pelo que é certo? Você talvez não saiba, mais a vida cristã não é marcada por sucesso e sim por sacrifícios. Romanos 8.17 diz: Se somos filhos, então somos herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros em Cristo, se de fato participarmos dos seus sofrimentos, para que também participemos da sua glória.” Ou você acha que Deus não prova nossa fé neste tipo de situação? Eu tenho vergonha de me chamar evangélico, pois sei que os evangélicos são uma vergonha como representantes de um Deus Santo. Não é atoa que está escrito em Romanos 2.24, que diz: “O nome de Deus é blasfemado entre os gentios por causa de vocês.” Sem falar da ironia que foi ver um estudo sobre este capitulo na igreja ontem a noite – um dia depois do acontecimento – e ver pequenas manifestações do “amar o próximo como a si mesmo.” Se eles tivessem se colocado no meu lugar, como diz o verso do amor ao próximo, tenho certeza a situação seria completamente diferente. Será que eles esquecem que a igreja é a imagem visível do Deus invisível?

Ah, se um de vocês fechasse as portas do templo! Assim ao menos não acenderiam o fogo do meu altar inutilmente. Não tenho prazer em vocês, diz o Senhor dos Exércitos. [Mq1.9]

Vocês se esquecem o que é necessário para ser chamado de cristão? Ou você acha que cristão é aquele que é chamado por homens como tal ou por Deus? Este título nada vale se sua fé estiver morta. Tiago 2.17 diz: “Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta.” Jesus declara, em João 8.31-32 que se nós permanecermos firmes na Sua palavra, verdadeiramente nós seremos seus discípulos, pois “conhecerão a verdade, e a verdade os libertará.”

Ah, se um de vocês fechasse as portas do templo! Assim ao menos não acenderiam o fogo do meu altar inutilmente. Não tenho prazer em vocês, diz o Senhor dos Exércitos. [Mq1.9]

Vou deixar aqui em baixo, um vídeo de dez minutos do Pastor John Piper falando sobre sofrimentos e espero que Deus transforme seu coração, como ele fez com o meu a muito tempo atrás. Aqui vai o vídeo:



Ps: Agradecimentos a Ligia Lagos, que ficou sabendo deste acontecimento no mesmo dia e esteve orando por mim, mesmo estando no Brasil.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Aproximação da Caverna Oculta.

Para os desavisados, este blog não é apenas para meus discurso e estudos. Ele também é voltado para contar um pouco da minha vida. Escolhi este título em relação ao estudo de Joseph Campbell, que é conhecido como o “Monomito”. Ele recebeu este nome, por identificar que todos os mitos têm em alguma parte da historia, pontos em comum. Todavia, não encontramos todos os pontos em todas as historias, mais a linha que forma as desventuras do herói seguem na mesma direção. Usando o Monomito como guia, posso dizer que estou na parte chamada “Aproximação da Caverna Oculta” ou “Aproximação do Segundo Limiar”. Este é a segunda situação que formam o segundo ato da historia e o começo da crise. Quem lê a palavra crise, já começa a ter uma idéia da situação, mais saibam que depois da crise, ainda tem o clímax. Bem, mais antes de explicar o Segundo Limiar, vocês devem entender quem são os Guardiões de Limiar.

Os Guardiões de Limiar, como o próprio nome já diz, são colocados nos limiares para impedir a passagem e a entrada de quem não for digno. Eles exibem ao herói uma cara ameaçadora, mas, se forem devidamente compreendidos, podem ser ultrapassados, superados, e até transformados em aliados. Geralmente, os Guardiões de Limiares não são os principais vilões nas histórias e são colocados no caminho do herói para testar sua disposição ou capacidade. Esses Guardiões podem representar os obstáculos comuns, que todos nós temos que enfrentar no mundo que nos cerca: preconceitos, opressão ou pessoas hostis. Num nível psicológico, eles podem também representam nossos demônios internos: as neuroses, cicatrizes emocionais, ou dependências e autolimitações que seguram nosso crescimento e progresso. Parece que, cada vez que a gente tenta fazer uma grande mudança na vida, esses guardiões erguem-se com toda a força, não necessariamente para nos deter, mas para testar e verificar se estamos realmente determinados a aceitar os desafios. Basicamente, testar o herói é a função dramática primordial do Guardião de Limiar.

Aproximação da Caverna Oculta vem depois que o herói conhece o novo mundo, e vai se aproximar ao grande desafio do segundo ato, ou da crise. Neste momento, ele está sendo testado mais ainda, e já consegue ver o seu objetivo. A esta altura, os heróis são como alpinistas que já subiram até um acampamento básico, por meio dos trabalhos dos testes, e agora vão fazer o assalto final ao ponto culminante. Vou colocar aqui o resumo do estudo de Campbell feito por Vogler, e acredito que vocês vão conseguir entender melhor toda a jornada.


Como em o Mágico de Oz, eu tive o teste da ilusão e agora estou de frente para os guardiões do segundo Limiar. Como eu sei que alguns estão um pouco perdidos e eu também não vou me prolongar muito, vamos deixar as coisas mais claras. Após chegar à França, e ter que me adaptar ao novo mundo, eu vi que para chegar ao meu principal objetivo, terei de enfrentar alguns guardiões. Um deles, e que tem se demonstrado ser muito forte, é a língua francesa, outro é largar algumas atitudes imaturas e deixar de ser criança – alguns vão entender quais aspectos me refiro – e outro é o que eu chamo de Fé de Neguebe. Este ultimo guardião vimos na vida de Abrão, depois do chamado de Deus para ir para a terra prometida. Quando Abrão chegou à terra prometida, o que ele encontrou foi o deserto de Neguebe. Você até ai deve imaginar a dificuldade que é viver num deserto, mais a referencia é na provação da fé. Em Gênesis 12.10 declara melhor o porquê da fé. Ele diz: “Houve fome naquela terra, e Abrão desceu ao Egito para ali viver algum tempo, pois a fome era rigorosa.” Não apenas vivendo em condições precárias, ainda houve uma fome rigorosa na região e Abrão não teve fé em Deus, e desceu para o Egito. A falta de fé de Abrão causou alguns problemas, não apenas para ele mais também para as pessoas que estavam a sua volta.

Sei que estes são apenas os guardiões, e que desafios muito maiores me esperam dentro da Caverna Oculta. Sei que estes guardiões estão me testando e forjando o meu caráter. Orem para que o confronto com estes guardiões não seja tão duro e que eu possa vencê-los rapidamente, pois vocês sabem que quando a batalha se prolonga, o que diferencia o vencedor do perdedor é a moral e a vontade. Agradeço a todos que tem acompanhando este blog, orando por mim e até para os raros que fazem comentários. Se existe alguma coisa que motiva alguém que escreve um blog, são os comentários. Agradeço a Deus por estar me dando forças e estar sendo o meu alicerce nesta jornada.

Não está sendo fácil, mais os maiores desafios protegem os melhores tesouros. Lembrem-se disso sempre.